História
O papel de parede surgiu na
China, como elemento decorativo, aproximadamente duzentos anos antes de
Cristo.
1 Era rudimentarmente produzido .,.,com
papel de arroz, totalmente branco, portanto sem qualquer tipo de detalhe decorativo.
Posteriormente, ele passou a ser produzido com o
pergaminho vegetal, ganhando cores e motivos. As pinturas do papel eram feitas à mão por artesãos, e depois vieram os carimbos de
madeira decorativos, que eram embebidos em
tinta
para imprimir os desenhos. As tiras resultantes desse trabalho eram
então coladas nas paredes, em substituição das originais que ornavam os
palacetes de
mandaris e ricos comerciantes.
A
Europa passou a ter mais contato com a China a partir dos
séculos XVI e
XVII, e o papel de parede surgiu no continente europeu pelas mãos de comerciantes
árabes,
que aprenderam com os chineses a sua produção. Passou a ser usado para
decorar parte das paredes, janelas e portas, substituindo as telas e as
tapeçarias.
Até
1500, havia limitadas variações de papéis de parede com temas chineses na Europa; daí a expressão
chinoisserie. Com a chegada de artistas
renascentistas italianos na
França, a convite de
Francisco I,
surgiram os padrões totalmente europeus. Contudo, as folhas continuavam
a ser demasiado pequenas e a qualidade da reprodução, mediana; tudo em
um ritmo de produção muito lento.
Em
1630, foi inaugurada a primeira fábrica de papel de parede, a
Papel-Toutisses, na cidade de
Roven,
França.
Em
1675, o gravador francês
Jean Papillon
aplicou na fabricação dos papeis o mesmo princípio utilizado na
gravura: a passagem dos desenhos para blocos de madeira, possibilitando
também o uso da cor sem restrições técnicas. Coloridos e baratos, os
papéis de parede foram usados em bolsas, originando uma
moda que definitivamente se popularizou no
século XVIII. Na época, a casa real francesa foi a que menos poupou o papel de parede ao decorar seus palácios:
Luís XI encomendava anjos sobre fundo azul de
Jean Bourdichon;
Luís XV exigia papéis influenciados pelo
rococó a
Jean Pillement; e
Luís XVI abandonou de vez a chinoisserie, decretando papéis com motivos românticos ou clássicos.
Em
1770, foi inaugurada em
Paris uma fábrica de papéis pintados e flocados.
Em
1870,
Juan Zuber instalou na comuna francesa de
Rixheim uma fábrica de papel de paredes que funcionou até
1939, na qual foram aperfeiçoadas as técnicas de impressão com
corantes. A fábrica de Zuber também lançou o primeiro rolo com mais de quatro
metros lineares de papel de parede pronto para uso.
Em
1634, a
Inglaterra iniciou sua produção em
Cambridge. Os primeiros papéis multicoloridos foram impressos em
1750. Em
1783, a chamada
Manufatura Real empregava cerca de quatrocentos artesãos. O
Chippendale, inspirado pelo rococó francês, passou a ser o papel mais vendido e procurado de
Londres, mas era muito variado. Em
1814, veio a
máquina de impressão, criada por
Konig, inovando e melhorando o processo de fabricação do papel. A máquina de Konig espalhava com precisão fibras de
algodão e
seda sobre a tinta ainda fresca, resultando, pela transparência e sobreposição, motivos com relevo. Assim surgiu o chamado
flock. A
Rainha Vitória mandou forrar as paredes de
Hampton Court com o
flock, para a sua
lua de mel com o
Príncipe Alberto.
A progressiva industrialização acabou provocando uma quebra na qualidade artística.
William Morris, fundador do movimento
Arts & crafts,
favorecia um retorno ao artesanato, elevando os artesãos à condição de
artistas e evitando assim a manufatura industrial barata de
artes decorativas e da
arquitetura. Morris acabaria por tirar partido dos padrões alegres e florais do
chintze
(um tecido usado em cortinados e capas para móveis), aplicando-os ao
papel. Os resultados foram tão ruins que hoje os ingleses usam a
expressão chintzy para se referir a tudo que seja de mau gosto.
A mistura entre padrões e suportes levou a indústria, que Morris
combatia, a lançar o papel para crianças e o lavável. Firmas inglesas da
época, como Jeffrey and Company ou a Shand Kydd, ficaram famosas.
No
Brasil, o papel de parede apareceu devido à forte imigração européia no final do
século XIX. Porém, até
1930, a importação desse produto era pequena, em função dos altos custos, sendo em seguida esquecido por anos. Em
1960,
com a modernização da indústria brasileira e com a redução dos custos, o
papel tornou-se um popular revestimento decorativo de paredes.